
Gonçalo Silva e Pedro Alves, atletas do Clube Aventura da Madeira, terminam o Ultra Trail du Mont Blanc e atingiram o principal objectivo, chegar a Chamonix dentro do horário limite da prova. Gonçalo Silva foi finisher pela segunda vez e Pedro Alves pela primeira, mas em estreia nesta distância. Terminaram com a mesma classificação, 931.º da geral, ambos com tempo de 43h46`06”. Miguel Gonçalves tentava a seu primeiro UTMB, mas acabou por desistir por problemas físicos, após 30h11´59” em prova, quando atingiu os 122,8km em Champex-Lac.
Destaque para o resultado alcançado por Nuno Gonçalves do Clube Montanha do Funchal, que conseguiu um excelente 214.º lugar na geral, terminando com 33h58´24”. Ainda pelo Clube Montanha do Funchal, no UTMB, infelizmente Sidónio Freitas e Egídio Rodrigues não conseguiram terminar por sortes distintas, Sidónio na primeira noite foi alvo de uma picada de abelha que lhe causou uma reacção alérgica e Egídio acabou por desistir devido a complicações musculares. No percurso CCC (Courmayeur-Champex-Chamonix) participaram pela segunda vez os irmãos Perdigão. Sérgio Perdigão conseguiu acabar pela segunda vez apesar das dificuldades por que passou, acabando na 530º posição da geral com 21h52m56s. Paulo Perdigão nesta edição não conseguiu terminar como na edição anterior, desistido em Champex-Lac com problemas nas articulações.
Nuno Caetano na prova “Sur les Traces des Ducs de Savoie”, com uma distância aproximada de 105km e 6700m de desnível positivo, obteve um excelente 34.º lugar, com o tempo de 17h44m14s.

Comitiva madeirense na edição de 2009
O vencedor da edição 2009 do Ultra Trail du Mont Blanc foi o espanhol Kilian Jornet com o tempo de 21h.33’18’’. Este jovem atleta de 21 anos, repetiu a proeza de 2008, batendo categoricamente o segundo classificado o francês Sébastien Chaigneau que gastou mais 1h.03’ .Nos femininos venceu a americana Kristin Moehl com o tempo de 24h.56’01, décimo tempo absoluto na prova. A britanica Elisabeth Hawker foi segunda com 26h.04’.42.
Resultados dos Atletas Portugueses
O relato de um “Finisher” pela segunda vez – Gonçalo Silva

“Já lá foi mais uma edição, e que edição… “Finisher” mais uma vez, numa prova ligeiramente diferente que da outra vez, com umas partes novas de trilhos que aumentaram significativamente o seu grau de dificuldade!!!
Foi uma grande participação portuguesa este ano, com muitos bons resultados, um deles, do madeirense Nuno Gonçalves, na 221ª posição da geral… um grande resultado!


Nós os três, do Clube Aventura da Madeira, seguimos desde o início juntos, com um ritmo moderado, para assim, gerir bem o esforço ao longo da prova. Como já era repetente, estava calmo, a acompanhar a estreia do Pedro e do Miguel… a primeira noite passamos bem, apesar de já em Contamines ter que imobilizar o joelho esquerdo que já incomodava desde a primeira descida para Saint Grevais, e das baixas temperaturas que se faziam sentir nos Col’s mais altos, nomeadamente, o Col de Bonhome e o Col de La Seigne, mas lá seguimos até Courmayeur juntos com uma boa margem em relação á barreira horária.


Em Courmayeur, foi uma paragem maior intencional, para muda de roupa, bom abastecimento e tratamento médico… aqui, saímos todos com as articulações imobilizadas, mas o Pedro com um aviso por parte da equipa médica que devia parar devido ao problema muscular que tinha… mas a sua decisão foi a de continuar, e ver onde conseguia ir…continuamos juntos até ao controle de Fouly na Suiça, mas na subida para Champex, o Miguel demonstrava um grande cansaço e sono também, é a segunda noite a fazer efeito, o que acabou por o deixar ficar mais para trás e acabar por desistir… o Pedro foi sempre comigo, sempre com receio em relação ao seu músculo e eu mais pelo meu joelho, mas o nosso maior problema foi também o sono e o cansaço acumulado!

Saímos de Champex-lac relativamente bem fisicamente, mas com algum frio devido á paragem, mas a subida para o difícil Bovine foi complicada de gerir…. o cansaço/sono bateu forte e subimos aos tropeções e alguns desequilíbrios ao logo da subida já por si muito difícil de progredir por entre muitas rochas e raízes de árvores. O problema foi solucionado em parte no controlo no topo do Bovine onde tomamos um forte café, pois a primeira ideia de dormir um pouco lá foi logo esquecida por causa do frio que se fazia sentir lá… mas na descida para Trient, ao passar no Col de la Forclaz, acabamos por nos deitar no chão uns minutos para fechar os olhos e tentar dar um descanso ao corpo. Devido ao frio, foi mesmo breve essa “dormida”, em menos de 5 minutos já estávamos de pé a descer até Treint.. mas por incrível que pareça completamente “novos”…

A partir de Trient, as barreiras horárias estavam a uma distância segura para terminarmos esta prova e lá seguimos em direcção á Chamonix… na descida para Vallorcine aceleramos o ritmo, e eu acabei por chegar mais adiantado aos controlos seguinte que o Pedro, que nessa altura não vinha muito bem, mas depois do último controle na Flegére, o Pedro chegou novamente ao meu pé e fomos então sempre juntos até a meta em chamonix … foi uma chegada emotiva com sempre, com um circuito pelas ruas principais, cheias de gente a nos aplaudir…uma chegada mais emotiva para o Pedro, por ser a sua primeira vez que viveu um ambiente daqueles e especialmente depois do que passou para lá chegar, onde houve alturas de muitas dores e incertezas de saber se ia conseguir.
O Nuno Caetano fez uma prova espectacular no TDS, apesar da crise de diarreia, vómitos e um princípio de hipotermia, fez 34º da geral numa prova muito difícil, com passagens de montanha muito duras, mesmo alpinas!”
Gonçalo Silva